Na Guiné-Bissau, mesmo com as campanhas de sensibilização realizadas nas comunidades, as práticas de violência contra mulheres e crianças ainda persistem em várias comunidades do país.
A revelação foi feita por Marliatu Djaló, Presidente do Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas, durante uma entrevista à Rádio Nacional, nesta quinta-feira.
“Apesar dos esforços realizados, infelizmente, os casos de violência contra mulheres e crianças continuam a aumentar. O ano de 2024 foi, de forma geral, negativo, com registos alarmantes de abusos”, afirmou Marliatu Djaló.
A activista sublinhou que, embora haja diversas denúncias e julgamentos em curso, o sistema judicial do país ainda enfrenta dificuldades para aplicar efetivamente a lei e garantir as devidas condenações. “O poder judicial ainda não tem facilitado o trabalho no sentido de garantir que as leis sejam cumpridas e que as vítimas de violência recebam justiça”, destacou.
Marliatu Djaló também traçou as expectativas para 2025, destacando algumas iniciativas que deverão ser desenvolvidas. “Temos uma série de acções programadas para este ano, incluindo a realização de uma conferência internacional que contará com a participação de países como Guiné-Conacri, Senegal, Gâmbia, Cabo Verde e Portugal”, revelou.
Em relação aos avanços legislativos, Djaló lembrou que o governo da Guiné-Bissau aprovou, em 2011, a lei para erradicação da mutilação genital feminina. Contudo, os indicadores ainda são preocupantes. “Segundo os dados mais recentes, 52% das mulheres guineenses entre 15 e 45 anos ainda sofrem com a mutilação genital feminina, o casamento infantil e a falta de acesso à educação, especialmente para as meninas”, informou.
A activista finalizou ressaltando a importância de continuar com o trabalho de sensibilização e luta contra estas práticas, que continuam a afectar negativamente a vida de milhares de mulheres e crianças no país.
Redacção RDN